Não faz muito tempo, a tatuagem era associada a personagens alternativos, como estrelas do rock, ou a estereótipos do submundo. A indústria do cinema, em particular Hollywood, teve papel fundamental em criar bad boys temidos – e tatuados. Um dos maiores foi, sem dúvida, Robert de Niro como o psicopata Max Cady, em Cabo do Medo (1991), de Martin Scorsese. Suas marcas tinham ligação direta com os crimes que havia cometido: em seu peito, um coração partido com o nome "Loretta", o amor de Max que ele próprio retalhou em 52 pedaços.
Por mais estranho que pareça, a origem da tatuagem, no entanto, tem sangue azul.
Reis, princesas e gente da aristocracia decoravam seus corpos com
desenhos, fazendo dessas marcas moda nos séculos 18 e 19. Entre os
precursores estava o Rei Eduardo VII da Inglaterra – com uma cruz de
malta, uma âncora e um dragão tatuados nos braços –, o Duque de York, a
princesa Alexandra da Dinamarca e czares russos, como Nicolau II. Esse
passado nobre é resgatado no livro "Forever: The New Tattoo", do americano Nick Schonberger, recém-lançado nos Estados Unidos e Europa pela editora alemã Gestalten. Na publicação, Schonberger vai além dos fatos históricos e elege alguns dos principais tatuadores ao redor do mundo que compõem a nova vanguarda do gênero.
"O que os profissionais apresentados no livro têm em comum é, acima de
tudo, a excelência na arte do desenho e a formação artística",
explica o autor. "Todos eles são extremamente inovadores e trabalham com
ilustrações autorais, sem esquecer a história da tatuagem." E
acrescenta: "Nenhum deles é mainstream: ser tatuador de massa significa quase perder sua personalidade".
O termo "tattoo", aliás, passou a ser adotado no fim do século 18,
quando o navegador britânico James Cook desembarcou nas ilhas da
Polinésia, no Pacífico. Em seu diário de bordo, o marinheiro registrou o
costume do povo local de pintar o corpo: "Homens e mulheres
injetam um pigmento preto na pele, usando finas espinhas de peixe, de
tal modo que o traço não possa ser apagado. Chamam isso de tatau".
A palavra taitiana era a reprodução do som feito durante a execução da
tatuagem. O nome pegou e a prática passou a se espalhar entre os
navegadores. Figuras de sereias, âncoras, dragões e caravelas – bem
diferentes dos traços da realeza, claro – viraram moda não só entre
marinheiros, mas também entre os que viviam em zonas portuárias, como
prostitutas e operários. Na Europa, artistas começaram a ganhar dinheiro
como tatuadores a partir da segunda metade do século 19 – como o inglês
Sutherland Macdonald, desenhista oficial do Rei Eduardo VII.
Matéria postada por Revista Marie Claire.
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